março 14, 2007

Mudança do Laçador

Um dos principais símbolos do Estado mudou de endereço no último domingo.
A mudança, deve-se à construção do Viaduto Leonel Brizola, que ligará a Terceira Perimetral à BR 290 (freeway).
Monumento ao Laçador: Um gaúcho de bronze, que mira o horizonte sobre um pedestal de granito, dá boas-vindas a quem chega a Porto Alegre. A estátua, moldada em bronze por Antônio Caringi, retrata a estampa típica do homem campeiro: forte, altivo, vastos bigodes, cabelos fartos, tirador de couro e laço na mão. Inaugurada em 1958, a escultura teve como modelo o folclorista Paixão Côrtes, um dos pesquisadores mais respeitados do sul.

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Abaixo matéria que saiu no Jornal Zero Hora do dia 12/03/07.

"Mudança emociona gaúchos
O Laçador de casa nova
ITAMAR MELO

Um dos ícones mais amados pelos gaúchos mudou-se para seu novo lar cercado por um clima de fervor quase religioso.
Às 14h30min, quando a Estátua do Laçador desprendeu-se do pedestal onde repousou por 48 anos e balançou no ar sustentada apenas por um guindaste, um fragor comovido percorreu a multidão reunida para a despedida no encontro das avenidas Farrapos e dos Estados, em Porto Alegre.
O que se seguiu lembrou uma procissão. Tendo como relicário uma espécie de gaiola gigante, o monumento deslocou-se sobre uma carreta, ao ritmo de 20 metros por minuto, escoltado por cavalarianos embandeirados e seguido a pé por centenas de devotos, que entoavam o Hino Rio-Grandense e canções gauchescas.
Enquanto o cortejo mobilizava a multidão, um pequeno grupo avançava sobre as ruínas do pedestal recém-desocupado, com o fim de levar para casa, como relíquia, um pedaço de tijolo ou um fragmento do concreto que sustentava a escultura.
- Essa pedra é uma recordação muito importante. A gente cresceu vendo o Laçador aqui - comentou o estudante Guilherme Masuero, 13 anos, exibindo um pequeno bloco do valioso cimento.
Mal o Laçador deixou seu posto, o laboratorista de solos e concretos Hernani de Melos, 42 anos, entusiasmou-se escalou as ruínas do velho pedestal para ocupar a mesma posição da estátua, trajando bombachas, guaiaca e chapéu. Empregado na construção do viaduto que motivou a remoção do monumento e também tradicionalista, Melos emendou trabalho e prazer, fazendo vigília junto ao Laçador desde às 8h de sábado.
- Foi uma emoção muito grande ficar lá em cima, onde ele estava. Hoje estamos fazendo parte da História - avaliou.
Desavisados que passavam pela avenida na hora da transferência para o novo espaço, localizado 600 metros adiante, largaram os automóveis à beira da via e correram para testemunhar e fotografar o momento. Outros não viam motivo para celebrar. O eletricista Reinaldo Souza, 47 anos, e sua mulher Denise, 49 anos, vieram de Gravataí munidos de câmera especialmente para o que entendiam como uma despedida amargurada. Descontentes com a mudança, preferiram não acompanhar a viagem até o novo recanto.
- Não gostei da troca. Vim aproveitar a última oportunidade de ver o Laçador no lugar onde me acostumei a encontrá-lo ao longo de tantos anos - afirmou Denise.
Multidão comovida aplaudiu monumento
No meio da multidão comovida, que aplaudia cada passo da remoção, um servidor federal de 42 anos corria de um lado para o outro, fotografando e filmando cada detalhe. Filho do folclorista Paixão Côrtes, que foi retratado no monumento, Carlos Paixão Côrtes registrava tudo para o pai. Na manhã de sábado, horas depois de ter visitado a escultura, o folclorista foi internado com pressão alta.
Enquanto sua imagem em bronze percorria com olhar altivo a avenida, o homem de 79 anos que serviu de modelo para o Laçador a repousava em um leito do Hospital Ernesto Dornelles.
- Ele se emocionou muito na visita de sexta-feira - contou o filho.
Duas netas de Antonio Caringi (1905-81), o artista responsável pela obra, também estavam lá.
- Espero que no novo local o Laçador propicie aos visitantes a mesma sensação de acolhida pelo homem campeiro do que no antigo - comentou Manuela Caringi Turnes, 30 anos.
Os 30 trabalhadores responsáveis pela operação de transferência chegaram às 6h para se dedicar ao rompimento da base de concreto da estátua. Encontraram a área tomada por militantes do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que desde a véspera se encontravam em vigília, compartilhando o chimarrão e a carne assada em fogo e chão, cantando e declamando poesias campeiras.
- Estamos cortados de alça de gaita. Em outras palavras, mortos de cansaço. Mas foi uma experiência marcante. Percebemos como o Laçador é importante para o gaúcho. Ao longo da noite, apareceu muita gente emocionada para fotografar e se despedir da estátua - contou, à tarde, Rogério Bastos, representante do MTG.
O Laçador foi entronizado em sua nova estância - por enquanto um empoeirado canteiro de obras diante do terminal antigo do aeroporto - às 15h30min. Às 16h, foi içado por alguns minutos até o pedestal, como preparação para os ajustes finais.
Calculando que se tratava da conclusão dos trabalhos, a multidão foi embora. Às 18h, quando a estátua finalmente foi erguida e posicionada no seu nicho, com fragmentos de cimento e de tijolo do antigo pedestal ainda presos à base, a aglomeração de autoridades, cavalarianos, tradicionalistas e público se desfizera. Depois de toda a movimentação da tarde, a instalação definitiva do Laçador no altar onde passará a ser cultuado pelos gaúchos acabou ocorrendo sob o olhar de uns poucos curiosos."
Na seqüência de fotos: endereço antigo, o translado, chegada ao novo endereço - ainda em obras. (Fotos: João Fiorin / PMPA)

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Sítio do Laçador

A praça foi demarcada e também estão concluídos o pedestal e a Coxilha do Laçador, onde a estátua ficará a 3,5 metros acima do nível do solo, permitindo melhor visualização. O Sítio do Laçador terá seis espaços diferenciados, onde estão presentes as cores da bandeira do Rio Grande do Sul - verde, amarelo e vermelho. O monumento terá total visibilidade e integração com o entorno. Já a Plataforma Cívica, com três mastros para bandeiras, é um espaço com cerca de 70 metros quadrados.
Destinado a cerimônias cívicas, notadamente de cunho tradicionalista, a plataforma abrigará ainda o mapa do RS - em ferro – e uma placa com a letra do Hino Rio-grandense, junto à Chama Crioula, no alto de uma coluna.
Foram projetados ainda o Largo dos Gaúchos, com aproximadamente mil metros quadrados, para atividades cívicas e eventos em geral; o Recanto da Tradição, área sombreada composta por bancos com encosto, ideal para o descanso, a confraternização e as rodas de chimarrão; o Anel Verde, um espaço gramado com cerca de 60 m de extensão; e uma área para estacionamento de automóveis e ônibus.

Abaixo texto de Rita Chang, engenheira civil e presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural:

"Sítio do Laçador - o reconhecimento de um símbolo


O caminho trilhado pelo Laçador retrata fielmente a tradição de lutas e glórias do gaúcho. Foi inicialmente encomendado ao escultor Antônio Caringi, para ser exibido no espaço do Rio Grande do Sul, em uma exposição no Parque Ibirapuera, a fim de representar o homem rio-grandense. Após o término da mostra, quando retornou ao Estado, foi o centro de um clamor popular reinvindicando que a estátua, para a qual havia posado o tradicionalista Paixão Cortes, se transformasse num Monumento ao Gaúcho.
Em 1991, como resultado de uma votação popular, foi escolhido como símbolo da cidade de Porto Alegre, tendo sido tombado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural em 2001. E agora estamos prestes a vivenciar mais um passo na saga deste guerreiro. Será um momento único e inesquecível na história do Rio Grande do Sul: o translado deste gigante de 4,45m de altura e pesando 3,8 toneladas para o seu sítio de 4.300 m² onde, do alto de uma coxilha, evocando o farol da divindade, se postará, forte, aguerrido e bravo, inflamando e impulsionando cada gaúcho a demonstrar o amor pela nossa terra e dando as boas-vindas aos visitantes.
O Laçador, com a sua elegância e imponência, é um dos mais completos exemplos do significado de um monumento para a preservação da memória de um povo: cada cidadão, de Sul a Norte , Leste e Oeste da nossa Porto Alegre e do nosso Rio Grande do Sul se identifica e se sente representado por este gaúcho tradicionalmente pilchado que nos acolhe na entrada da cidade.
Quando o Grêmio é campeão, lá vai a faixa azul, branca e preta reverenciar o Laçador. Quando é a vez do Inter conquistar o mundo, é o vermelho colorado a enfeitá-lo. Altivo e bravo está ele a evocar e a transmitir para as novas gerações a saga heróica de um povo, cujo ideal libertário sempre pautou as batalhas, constituindo uma peculiar escala de valores, na qual a tradição é a semente que perpetua nossas raízes .
O novo espaço cívico, que definitivamente abrigará este grande vulto, faz juz à sua magnitude e permitirá a preservação memorialística bem como a fruição do local por todos cidadãos que o cultuam. Gaúchos e gaúchas, vamos fazer parte deste momento histórico: quando o monumento sairá do seu "pago" onde com glórias viveu, para a sua nova "querência": o Sítio do Laçador, onde com honras viverá ! Que sirvam nossas façanhas e o orgulho de ser gaúcho de modelo a toda terra!"

Fontes: Jornal Zero Hora e site da Prefeitura de Porto Alegre.


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Quando visitarem Porto Alegre continuarão a receber as boas vindas do Laçador na entrada da cidade, agora mais pertinho do aeroporto, (até acho que dá pra dar um aceninho pra ele do avião!).

Até Mais!!!

Um comentário:

Unknown disse...

Olá Denise,
Sou Lúcia, gaúcha de Guaíba, morando no Rio e sempre saudosa dessa terra tão linda. Faço artesanato em tecido e descobri a beleza de um bordado chamdo Redwork que possibilita bordarmos coisas que fazem parte de nosso dia-a-dia ou de recordação.
Então, estava eu a procurar fotos de Porto Alegre e cheguei ao teu blog. Vou copiar as fotos e borda-las quando eu as tiver concluído vou postar para mostrar como ficou.
Adorei ler as histórias qeu você escreveu. Agora quero uma foto da Ponte Elevada...
Abraço,
PS: Serei sua seguidora!